Páginas

martes, 21 de octubre de 2014

POEMA DÍA XXI/X/2014: "No tengas", R.Reis/Pessoa


POEMA DÍA XXI/X/2014: "No tengas", R.Reis/Pessoa




No tengas

No tengas nada en las manos 
Ni una memoria en el alma, 
Que cuando te pongan 
En las manos el óbolo último, 
Al abrirte las manos 
Nada se te caerá. 
¿Qué trono te quieren dar 
Que Átropos no te lo saque? 
¿Qué dorados que no caduquen 
En los arbitrios de Minos? 
Qué horas que no te tornen 
De la estatura de la sombra 
Que serás cuando fueras 
En la noche y al fin del camino. 
Toma las flores mas lárgalas, 
De las manos mal las miraste. 
Siéntate al sol. Abdica 
Y sé rey de tí mismo.

Nao tenhas

Não tenhas nada nas mãos 
Nem uma memória na alma, 
Que quando te puserem 
Nas mãos o óbolo último, 
Ao abrirem-te as mãos 
Nada te cairá. 
Que trono te querem dar 
Que Átropos to não tire? 
Que louros que não fanem 
Nos arbítrios de Minos? 
Que horas que te não tornem 
Da estatura da sombra 
Que serás quando fores 
Na noite e ao fim da estrada. 
Colhe as flores mas larga-as, 
Das mãos mal as olhaste. 
Senta-te ao sol. Abdica 
E sê rei de ti próprio.

No hay comentarios:

Publicar un comentario